02 julho 2022

A culpa não é da vítima!

 


"Atrasou o almoço e seu filho sumiu!"

"Entrou em casa para ir ao banheiro e levaram seu filho"

"Deixou seu filho em casa sozinho, roubaram!"

"Muito pequena para usar maquiagem. Por isso foi roubada!"

"Deixava o filho ir para a padaria sozinho. Agora fica aí chorando!"

Além da dor e todo o desespero que envolve o desaparecimento de um filho, não exista uma mãe que não seja obrigada a ouvir julgamentos como os acima. Todos são de histórias reais, proferidos por amigos, família, vizinhos, sociedade, autoridades e até pelos próprios maridos. Os julgamentos só aumentam a carga de culpa  da mãe que para o resto da vida viverá com pensamentos do tipo:

"Eu devia ter agido diferente"

"Bastou um minuto!"

"Será que Deus está me castigando?"

O desaparecimento de um filho é tragédia, não culpa da vítima! Acontece porque existem criminosos e psicopatas em nossa sociedade, que escolhem as vítimas segundo o seu interesse. 

Não permita julgamentos, não aceite críticas, confie no seu amor de mãe! É assim que você irá conseguir forças para a busca. 


02 abril 2022

O papel da família em casos de abuso sexual


De um modo geral não damos a devida importância ao papel da família quando ocorre um abuso sexual. Uma falha! O abusador necessita ter acesso a criança para poder agir sem despertar suspeitas. Quando é da família, tal acesso é garantido e facilitado pela condição de parente. 

Uma vez o abuso cometido, pode motivar uma divisão familiar, com parte dos parentes querendo Justiça e outra se recusando a acreditar que o abuso realmente ocorreu. 

Como você agiria?

Esse é o tema que iremos discutir na próxima Live  em nosso perfil no Instagram. Espero vocês.

Gilberto Fernandes, psicólogo

Data: 04/04/2022

Horário: 19h

Local: @maes_do_brasil


23 março 2022

Gente do Amanhã, um projeto desenvolvido por nossa ONG para o jovem de periferia


Se nos perguntarem qual sentimento vem junto com essa imagem, é quase certo que responderemos: raiva, medo, ansiedade, revolta, insegurança, desprezo, impotência, entre outros sentimentos negativos. Estaríamos errados em sentirmo-nos assim? Não, mas essa certeza é criada a partir da observação ou vivência de uma parte da realidade. Existe um outro lado desses jovens que escapa a nossa observação, seja por falta de contato mais direto e profundo com o seu universo, seja por desinteresse em refletir sobre a questão. Até porque, a história de vida dele não começa quando nos ameaça ou nos rouba. Ela tem início antes mesmo dele nascer. Quase sempre não é uma história que nos estimule a conhecer.

Jovens oriundos de comunidades de baixa renda, em sua maioria, já são concebidos num ambiente de muita pobreza e privação de alimentos, saúde, educação, conforto, segurança. Tais condições serão os primeiros desafios que esses meninos e meninas terão que superar em sua jornada de vida.

Crescem convivendo diariamente com a violência, seja ela policial ou impetrada pelo tráfico. Crescem também convivendo com o abandono e o preconceito. Quando chegam à idade escolar encontram um sistema educacional público falido, com profissionais desmotivados, sobrecarregados de trabalho, mal remunerados e sem perspectivas de crescimento profissional. Sistema esse incapaz de levar o jovem a refletir sobre sua realidade, seu mundo, seu presente e seu futuro. Com isso o jovem apenas reproduz as circunstâncias do meio onde vive, contribuindo na manutenção e repetição de uma história com poucas chances de mudança.

O objetivo do Projeto Gente do Amanhã, desenvolvido desde 2010 pela ONG Portal Kids com o apoio da Agência de Cooperação Internacional DKA Áustria, é possibilitar que jovens de comunidades de baixa renda do Rio de Janeiro possam encontrar saídas, tornando-os agentes transformadores de suas próprias vidas. Tal mudança se apoia na livre escolha, na capacidade de fazer opções a partir de seus desejos, possibilidades e limites. Para que os jovens em questão consigam atingir tal nível de maturidade, se faz necessário que os mesmos conheçam outras realidades, outras formas de perceber o mundo e essa é, justamente, a proposta de nosso projeto. Como também apresentar uma nova perspectiva de realidade, o mais livre possível de preconceitos e violência. Discutir com eles o lugar que ocupam no mundo, saber como se sentem nesse lugar e por fim, refletir com os mesmos as possibilidades de mudanças. Não mudanças para destinos ou lugares preconcebidos, mas mudanças para lugares escolhidos por eles, respeitando os limites, o tempo e as possibilidades de cada um.

Ao longo dos anos atendemos jovens desaparecidos localizados pelo projeto Mães do Brasil, jovens vítimas de violência urbana e intrafamiliar e doméstica, jovens que sofreram abuso sexual, jovens que tentaram suicídio, jovens sem oportunidades e perspectivas. Que apesar de tudo sonham. Esses jovens conquistaram um lugar no mundo. Se tornaram jornalistas, advogados, pedagogos, técnicos nas mais diversas profissões. Se casaram, tiveram filhos, construíram a família sonhada e um lugar na sociedade. Não realizamos sonhos. Mostramos aos jovens o caminho para realizá-lo. Tem dado muito certo!

Em breve iniciaremos um novo semestre do projeto. Convide os jovens que você conhece. As inscrições podem ser feitas pelo formulário e terminam a meia-noite do dia 25 de março. 


19 março 2022

Relações Abusivas! Se dói. por que me calo?


A pergunta que lhes faço é provocativa. Com o objetivo de abordar um tema atual e recorrente\; Relações abusivas!

Iremos abordar esse tipo de relação em nossa próxima Live sobre O Silêncio em torno do Abuso Sexual, que será no dia 21, às 19 horas. Espero vocês!

Minha intenção ao propor a questão é mexer com as emoções de vocês de forma profunda.

Os temas que tenho abordado nas Lives quinzenais, no perfil das Mães do Brasil no Istagram mexem com o emocional e o psicológico de forma "natural", mas tendo como pano de fundo sentimentos como raiva, nojo, indignação, revolta e a impotência perante uma situação de abuso sexual.

Todos esses sentimentos apontam para uma única direção: a punição do agressor. Reação, aliás, mais do que esperada, adequada e justificada. Mas que não estimulam a reflexão e a busca de soluções quando o foco é a proteção à vítima.

E se a pergunta do título fosse: Se dói, o que me leva a me calar?

Da segunda forma levamos a vítima a uma autoreflexão focada também em seus sentimentos e não somente na busca por uma resposta baseada em contextos sociais externos. Tal resposta deve ter como suporte a percepção da vítima. Só assim as respostas estarão em contato com seus sentimentos e as ações alinhadas com eles.

Espero vocês. 

Gilberto Fernandes, diretor e psicológo da Mães do Brasil.



15 março 2022

Rio lança app contra violência doméstica


Está sofrendo violência doméstica? Desde de o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, vítimas cariocas já podem pedir uma medida protetiva de urgência pelo Maria da Penha Virtual.

Trata-se de um web app lançado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro com a facilidade de poder ser acessado de qualquer dispositivo eletrônico através do link sem precisar ser baixado. Não ocupa espaço na memória do aparelho, mantendo a segurança de quem acessa. 

A tecnologia foi desenvolvida por estudantes e pesquisadores do Centro de Estudos de Direito e Tecnologia da UFRJ (CEDITEC) em concordância com os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, como a igualdade de gênero, paz, justiça e instituições eficazes e parceiras. 

Como utilizar o Maria da Penha Virtual?

A vitima precisa preencher um formulário com seus dados pessoais, dados do agressor e da agressão que está sofrendo. Se desejar ou tiver condições, pode anexar foto e áudio como meio de prova. Ao preencher o cadastro, é gerado um automaticamente uma petição em formato "pdf" que é distribuída para o juizado competente.

04 março 2022

Quebrando os silêncios em torno do abuso sexual


Realizamos uma Live no perfil de nossa ONG no Instagram sobre abuso sexual infantil. Mediante o pedido de continuidade por parte dos seguidores, resolvi elaborar um projeto que tem uma proposta simples e direta, profunda e libertadora. Como algo pode ser simples, libertador e direto? Tudo o que é libertador traz em seu bojo lutas, superações, fracassos, sucessos.

Esse é o ponto! Muitas vezes as respostas para perguntas e questões mais difíceis e complexas em nossas vidas são simples e diretas.

Por exemplo: O casamento está ruim, muitas brigas, frustrações, traições, as vezes violências e abusos de vários tipos. Nada de amor, de carinho ou respeito. Qual a resposta para essa questão? Sair, meter o pé, se posicionar, sair do silêncio, buscar a felicidade. Mas o que fazemos? Ficamos, sofremos, reclamamos, nos calamos.

Outro exemplo: O trabalho está ruim, paga pouco, não há respeito entre subordinado e chefe, muitas brigas e discussões entre os funcionários, um clima organizacional pesado. Qual a resposta? Sair, meter o pé, buscar algo melhor, mais leve. O que fazemos? Ficamos, Insistimos. Nos desgastamos emocional e fisicamente. Adoecemos.

Observem com atenção o que está escrito acima. Leiam de novo. Perceberam? As respostas são simples e diretas. Não concordam?

Se é assim, por que ficamos? Por que não saímos? Por que aturamos? Por que sofremos?

Vou colocar mais um pouco de lenha na fogueira. Notaram que, geralmente, diante dessas situações, quem está fora do contexto sempre tem uma resposta pronta, na ponta da língua para julgar ou criticar quem está vivendo a situação?

Estou errado? Sabemos que não. Nossa experiência de vida confirma isso.

Então por que não saímos? Justamente por estarmos dentro. Sim, estar dentro significa ter envolvimento afetivo, emocional, pessoal, sonhos, expectativas, esperança, amor, inseguranças, medos, fé, entre outros.

Antes de continuar devo destacar que não tenho a resposta para a pergunta: Por que agimos assim?

Mas tenho a experiência teórica, profissional e de vida, para me colocar diante de vocês e levantar essas e outras questões que, vocês já vivenciaram   em suas vidas. Se não igual, bem parecidas.

Esse é o pulo do gato que discutiremos em quatro Lives quinzenais, onde abordaremos questões ligadas a relacionamentos abusivos, disfuncionais, violentos, etc.


Primeiro encontro: O silêncio e a dor em relações abusivas

Vamos abordar a dor e o silêncio em relações abusivas, de forma respeitosa e acolhedora. Esse silêncio tem uma função para a pessoa. E deve ser respeitado, sim! Isso não quer dizer que deva ser ignorado. Ao contrário, deve ser entendido, refletido e confrontado pela própria pessoa.

Nossa Live acontece no próximo dia 7 de março, às 19 horas, no perfil @maes_do_brasil. Espero vocês.

Gilberto Fernandes, psicólogo.


29 março 2021

Live com as Mães da Sé

 


Encerrando a Semana de Mobilização Nacional pela Busca e Defesa da Criança Desaparecida, a presidente do Portal Kids, Wal Ferrão, participará de um evento a convite da presidente da Mães da Sé, Ivanise Esperidião, na próxima quarta, 31 de março, onde irão debater sobre as causas do desaparecimento no Brasil.