08 novembro 2009

Até onde desejo me envolver?


Só sete pessoas deixaram sua opinião sobre a criação do Cadastro Nacional para Crianças Desaparecidas. Até esperávamos que isso fosse acontecer. Muitas pessoas entram em nosso blog, mas raramente tecem comentários. As pessoas tem muito medo de se manifestar, de se comprometer. O desaparecimento de crianças de baixa renda atinge a uma parcela pequena da população, pequena se comparada com problemas que afetam a sociedade como um todo, como a violência urbana, as balas perdidas. Questões essas que acabam obrigando a sociedade a reclamar soluções, porque afetam todos. Crianças vítimas de desaparecimentos enigmáticos ou sequestros sem pedido de resgate são de famílias geralmente muito pobres, famílias sem voz na sociedade. Nós, mães, somos o retrato da dor. Ninguém gosta de conviver com a dor de perto. Somos também o retrato da falta de políticas públicas que nos atendam. É mais fácil dizer que maltratamos nossos filhos para justificar a falta de ação de quem é pago por nossos impostos para trabalhar por nós. É muito triste conviver com a exclusão da dor e da impunidade. Gostaríamos de ter surpreendido a deputada Andréia Zito, relatora da CPI dos Desaparecidos, com uma aprovação em massa do Cadastro Nacional de Crianças Desaparecidas. Mas esse é o retrato da nossa sociedade que é solidária, mas não deseja se envolver diretamente. É isso o que sentimos nesses anos todos de luta para recuperar nossos filhos e ter voz em meio a exclusão social.

Um comentário:

Dobrando sonhos disse...

Eu estou nessa e não tenho medo, e o que poder fazer farei...em janeiro pretendo fazer algo maior, com mais fotos, tem algumas pessoas me ajudando e sei que vai dá certo...
Um grande abraço!!!