21 outubro 2010

Lições no trânsito do Rio


Um sono profundo se abate sobre a maioria dos homens, mulheres e jovens com seus fones de ouvido a cada manhã nos ônibus. Uma maneira de não “enxergar” os idosos e ter que ceder os assentos. Ha dois dias, no trajeto para o trabalho, não foi diferente. Até que entrou um deficiente visual obrigando o jovem sentado diante de mim a ceder sua poltrona. Quando o deficiente soltou, permiti que uma idosa a ocupasse, o que fez o garoto me olhar meio atravessado, afinal, o lugar era dele. Cheia de simpatia a senhora comentou comigo:

“Tenho sorte! Sempre encontro alguém que me cede o lugar...”

“É mesmo!” – comentei.

Ao que ela me confidenciou sorrindo:

“É que quando jovem ajudei muitos idosos!”

Em dado momento a senhora, movida por aquela necessidade que a gente tem de compensar os que nos são generosos, lamentou eu estar o tempo todo de pé. Expliquei que estava acostumada, sempre cedia o lugar. E contei que trabalhava com direitos humanos. Que direitos humanos começa em casa, ou melhor, dentro da gente. Foi aí que a senhora, que acabei nem conhecendo o nome, me presenteou com sua sabedoria de vida:

“Seu trabalho deve ser bem difícil, mas não desista. É melhor fazer o bem com desvantagem do que o mal com vantagem. Já reparou que fazer o bem requer um sacrifício no momento? Ao contrário do mal, que de saída gera uma vantagem para quem o pratica. Mas o preço a pagar depois é caro. Ao contrário do bem. Quando a recompensa do bem chega é para sempre!”

Por Wal Ferrão
wal.ferrao@portalkids.org.br

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