09 fevereiro 2008

Suspeito do seqüestro de Larissa é preso através de investigação do Portal Kids


Depois de uma investigação sigilosa que começou no sábado de carnaval, dia 2 de fevereiro e culminou com a prisão do suspeito do caso de Larissa Gonçalves Santos, 11 anos, seqüestrada no dia 31 de janeiro de sua casa na comunidade Barreira do Vasco, em São Cristóvão, o Portal Kids acredita que foi dado um grande passo para a solução do seqüestro das 12 meninas que desde 2001 é investigado pela instituição. Dados e endereço do suspeito foram fornecidos pelo Portal Kids a 17a. DP de São Cristóvão, que investiga o caso, ainda no sábado depois que Wal Ferrão, presidenta do Portal Kids, recebeu da família de Larissa o retrato falado do suspeito do seqüestro, realizado pelas testemunhas que o viram em companhia da menina. Wal reconheceu o retrato falado como o do suspeito do seqüestro de Thais de Lima Barros, nove anos, ocorrido em 22 de dezembro de 2002, numa feira livre em Vila Kennedy.

Desde 2004, quando passou a cuidar do caso de Thais, o Portal Kids começou um levantamento sobre o suspeito junto aos policiais que investigaram o caso, reunindo informações e buscando testemunhas em comunidades de diversas regiões do Rio de Janeiro que reconheceram o retrato do suspeito, que teria ligação com o seqüestro de outras meninas. Em 2005 uma investigação conjunta dos casos foi iniciada na DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima) pela equipe comandada pelo então delegado Leonardo Tumiati, que a pedido do Portal Kids, após levantamento dos homicídios ocorridos no Rio de Janeiro a partir de 7 de setembro de 2001, data do seqüestro da primeira das 12 meninas, chegou a descoberta de oito ossadas de meninas encontradas nas regiões em que desapareceram sete das menores investigadas. A pedido do Portal Kids o delegado Tumiati concordou em fazer o reconhecimento do suspeito após exame de DNA que seria realizado nas famílias das vítimas. Mas o delegado acabou transferido do comando da delegacia e da investigação depois que a notícia de que as meninas estariam sendo vítimas de uma quadrilha de tráfico de órgãos que atuaria em clínica clandestina no Rio de Janeiro vazou na imprensa. Revoltadas com a transferência do delegado às mães das meninas, integrantes do projeto do Portal Kids de apoio psicossocial e jurídico Mães do Brasil, se recusaram a fornecer material genético.

“Muita gente não entendeu essa decisão das mães, mas eu compreendi e concordei com os argumentos delas”, conta Wal Ferrão. “Todos os policiais que investigaram esse caso acabaram afastados, na época nos foi informado que o IML do Rio de Janeiro não tinha condições de realizar tantos exames de DNA. Solicitamos um apoio do Secretário Nacional de Segurança Pública de Brasília, Dr. Hilário de Medeiros, que forneceu seus melhores peritos. O secretário veio diversas vezes no Rio de Janeiro combinar a realização das exumações e dos exames, que começou a ser feito sem o conhecimento das mães pelo IML. Na época solicitei a Justiça que embargasse as demais exumações até a situação se esclarecer”, relembra Wal.

Novos casos de crianças foram surgindo e algumas testemunhas apontaram o retrato do suspeito do caso Thais, até chegar ao caso Larissa. Na sexta, dia 08 de janeiro, o suspeito foi reconhecido por testemunhas ligadas a Larissa e saiu algemado para a Polinter.

“Essa prisão foi um passo decisivo, uma grande vitória. Depois da saída do delegado Tumiati e do inspetor que investigou o caso, Marcus Guimarães, da DCAV, que era da mais absoluta confiança das mães, elas ficaram muito desestimuladas. Até eu achava que esse caso nunca seria resolvido, mas mesmo não mais acreditando, nunca deixei de trabalhar para a sua solução. No momento em que vi o suspeito sair algemado da 17a. DP a imagem de Thaís, uma menina linda, me veio à mente. Estarei encaminhando nossas investigações para o Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro solicitando vários procedimentos. Vamos ver se agora essa investigação se conclui. O sofrimento de Thais, Larissa e das outras meninas não pode ser em vão”, finaliza Wal.

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