22 maio 2008

Matéria Bom Dia Rio 21 de maio

Mães pedem ajuda de Beltrame para solucionar desaparecimento de filhos

Nesta terça-feira (20), um grupo de mães esteve na Secretaria de Segurança para pedir agilidade nas investigações, a criação de uma delegacia especializada e a realização de um censo sobre as vítimas.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, se reúne, nesta quarta-feira (21), com delegados responsáveis pelas investigações sobre crianças desaparecidas. Um dos assuntos em pauta é a demora na solução de alguns casos.

Unidas pela dor e cansadas de esperar elas decidiram investigar por conta própria o desaparecimento das filhas. Descobriam que as meninas tinham sido seqüestradas e localizaram o suspeito, que foi preso, mas liberado cinco dias depois.

“Já dura um ano e seis meses e a agonia é muito grande, porque a gente não vê nada acontecendo. Somos cidadãos, queremos respeito”, reclamou Silvânia Souza, mãe de Larissa.

A Polícia Civil tem um serviço de descoberta de paradeiros, que recebe, por ano, cerca de mil registros. Metade dos casos é resolvida. Mas as mães querem mais. “Isso não pode continuar. Estão sumindo mais e mais crianças. Já luto há 5 anos e 5 meses atrás da minha filha. E creio eu que vou encontrá-la”, disse Elizabeth Martins, mãe de Thaís.

Desde que foi criada, há 12 anos, a Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) do governo do estado, registrou 2.695 desaparecimentos; 8%seriam seqüestros. A maior parte, fuga por causa de violência doméstica.

Enquanto mães procuram os filhos, muitas crianças também esperam pelo reencontro com a família. Segundo a FIA, são quase 200 em todo o estado. Valmir Oliveira da Costa, de 12 anos, não vê o pai desde os 6 anos. “Ele falou que ia viajar e que depois ele ia voltar. Ficamos esperando, mas ele nunca mais voltou”, contou ele.

Rafael foi encontrado há 8 meses em um trem que saiu de Japeri, na Baixada Fluminense. Hoje, vive em um abrigo em Barra do Piraí, sonhando com o dia em que vai rever a mãe. “Eu quero dizer que eu amo ela”, disse o menino.

Além das mulheres mostradas na reportagem, uma outra mãe de desaparecido também esteve na reunião com o secretário de segurança. É a Wal Ferrão, presidente da ONG Mães do Brasil, que conversou sobre o assunto com o Bom Dia Rio.

Bom Dia Rio – Vocês acreditam que realmente o que foi pedido vai ajudar na agilidade das investigações?

Wal Ferrão – Acreditamos. E o que nos deu essa prova foi o olhar do secretário. Ele não nos recebeu apenas como uma autoridade, mas como pai. Pela primeira vez, as mães se sentiram acalentadas pelo tratamento que ele deu e também foi muito prático. Imediatamente ele atendeu uma reivindicação nossa, que é transferir o caso das 14 meninas seqüestradas para a DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), que, no momento, é a que está mais apta a resolver um caso tão complexo como o nosso.

De que forma a criação dessa delegacia especializada e dessa pesquisa que vocês desejam pode ajudar?

A delegacia especializada vai capacitar melhor os policiais, isso é uma reivindicação antiga das Mães do Brasil. Agora, estamos propondo um censo, porque, em 10 anos de trabalho, na nossa instituição, não temos um caso de mãe que maltrata o filho e por isso ele foge de casa. Nós contestamos essa informação, por isso nós queremos um senso para levantar o perfil, porque o que nós temos em nossa ONG são mães totalmente devastadas pelos filhos que desaparecem sem deixar pistas.

Quem também conversou com o Bom Dia Rio foi o Luiz Henrique Oliveira, gerente do Programa SOS Criança Desaparecida da FIA.

Bom Dia Rio - Enquanto isso, as ações da FIA continuam dando resultado?

Luiz Henrique Oliveira – Graças a grande rede de parceiros, a FIA tem solucionado 84%dos casos, 2.275 nos últimos 12 anos. E o perfil que a gente tem é a violência intrafamiliar, 75% das crianças fogem de casa em razão da violência física e psicológica. A FIA tem todo um prazer em reencontrar essas crianças graças a grande rede de parceiros: meio de comunicação, Polícia Civil do nosso estado, todos.

São dois programas, o SOS Criança Desaparecida e o Procuro Minha Família?

É, o Procuro Minha Família também são crianças que foram abandonadas, perderam o referencial familiar e a FIA tem todas as ações de reencontro, reaproximando os filhos e os lares, essa é a intenção da FIA.

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