22 maio 2008

Matéria publicada no RJTV 20 de maio

Mães querem mais ação da polícia nos casos de desaparecidos
Elas reivindicam mais rigor da Secretaria de Segurança Pública nas investigações.


A demora na solução para casos de desaparecimentos levou um grupo de mães até a Secretaria de Segurança Pública do Rio. Elas reivindicam mais rigor nas investigações.

Unidas pela dor e cansadas de esperar, mães decidiram investigar por conta própria o desaparecimento das filhas. Descobriram que as meninas tinham sido seqüestradas e localizaram o suspeito, que foi preso, mas liberado cinco dias depois. “Já vai fazer um ano e seis meses. A agonia é muito grande, porque a gente não vê nada acontecendo”, critica Silvania Maria de Souza, mãe de Larissa.

A Polícia Civil tem um serviço de descoberta de paradeiros, que recebe por ano cerca de mil registros. Metade dos casos é resolvida. Mas as mães querem mais, e na tarde desta terça-feira se reuniram com o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame.

No encontro, elas pediram a criação de uma delegacia especializada em casos de seqüestros de crianças sem pedido de resgate. Além disso, querem que seja feita uma pesquisa mostrando o perfil das vítimas e das famílias para, a partir daí, melhorar as investigações.

“Entramos em comunidades, buscamos testemunhas, descobrimos todos os indícios e entregamos à polícia. Agora a queremos ver a polícia dar continuidade ao trabalho que fizemos”, diz a presidente da ONG Mães do Brasil, Wal Ferrão.

“Eu acredito que essas crianças estão sendo desviadas para fora, para prostituição. Já faz cinco anos e cinco meses que minha filha desapareceu”, conta Elizabeth Barros, mãe da Thais.

Desde que foi criada, há 12 anos, a Fundação para a Infância e Adolescência (FIA), do governo do estado, registrou 2.695 desaparecimentos, dos quais 8% seriam seqüestros. A maior parte, fuga por causa de violência doméstica.

Enquanto mães procuram os filhos, muitas crianças também esperam pelo reencontro com a família. Segundo a FIA, são quase 200 em todo o estado. Walmir Oliveira da Costa, de 12 anos, não vê o pai desde os 6. “Ele falou que ia viajar e que depois ia voltar. Ficamos esperando, e ele nunca mais voltou”, conta.

Rafael foi encontrado há 8 meses em um trem que saiu de Japeri, na Baixada Fluminense. Hoje vive em um abrigo em Barra do Piraí, sonhando com o dia em que vai rever a mãe. “Eu quero dizer que eu a amo”, diz o menino.

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, informou que recebeu as reivindicações das mães de crianças desaparecidas e que vai se reunir nesta quarta-feira com os delegados responsáveis.

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