16 maio 2008

Matéria publicada no RJTV da TV Globo

Difícil busca pelos filhos desaparecidos

A polícia ainda não tem pistas da menina Adriana, que desapareceu em pleno Dia das Mães. Conheça o trabalho de instituições que têm como objetivo ajudar as famílias das crianças desaparecidas.

A sede da organização não-governamental Mães do Brasil fica em uma sala no bairro do Pechincha, na Zona Oeste. Em um pequeno espaço, mães de crianças desaparecidas fazem grandes avanços.

Desde que Larissa, de 11 anos, foi seqüestrada, quatro meses atrás, Raquel da Silva recebe apoio psicológico e jurídico. A mãe da menina vive momentos difíceis, mas diz que com a ajuda dos especialistas ainda tem esperanças de encontrar a filha.

“Quando acontece um caso desses, ficamos sem chão. Aqui há outras mães que já passaram por isso ou que estão passando por isso e é o abraço, o carinho de outras pessoas que sentem a mesma dor que conforta a gente”, diz ela.

Nessa quinta-feira, no RJTV, mostramos o caso de Adriana Simões, de 4 anos. A criança desapareceu no último domingo, em Guaratiba. Até agora não há pistas do paradeiro da menina.

A família procurou ajuda da Fundação para Infância e Adolescência. A FIA recebe cerca de 30ligações por dia, com informações sobre as crianças e conta com uma rede de instituições que ajudam nas buscas.

O RJTV conversou com o delegado Roberto Cardoso, titular da Delegacia de Homicídios.
RJTV: Quanto tempo os pais têm que esperar para fazer o registro na polícia no caso da criança desaparecida?

Delegado Roberto Cardoso: Existe uma lenda que foi difundida equivocadamente de que a família necessita de 48 horas para procurar a polícia. Isso é um engano e, ao contrário, não se deve esperar essas 48 horas, porque essa perda de tempo pode significar o insucesso da investigação. Quanto mais rápido a polícia for procurada, maiores são as chances de sucesso de encontrar a pessoa desaparecida.

O caso primeiro vai para a delegacia da área e depois é encaminhado para a delegacia de homicídios. Como é feita essa investigação?

Existe uma determinação do chefe de polícia para que toda e qualquer delegacia faça esse registro. As pessoas devem procurar primeiro a delegacia da área, que terá 15 dias para investigar o caso. Dentro desses 15 dias, se eles não conseguirem sucesso, eles remetem para a delegacia de homicídios, onde o setor de desaparecimento de pessoas vai atuar e vai encontrar essa pessoa desaparecida.

Alguma novidade do caso Adriana?

O caso da Adriana está sendo investigado pela 43ª DP e acreditamos que teremos um desfecho feliz nesse caso.


Segundo os dados da fundação, 115 crianças e adolescentes estão desaparecidos hoje no estado. A boa notícia é que em 84% dos casos elas são encontradas. Em 12 anos, a FIA registrou 2.695 casos: a maioria, 76%, é de fuga, por causa da violência familiar; 10% são de crianças perdidas; e apenas 8% são seqüestros.

“A Polícia Civil é um parceiro diário. É claro que ainda temos algumas resistências, inclusive quanto à lei 11.259, que garante o registro imediato. Ainda temos uma cultura de esperar um pouco”, afirma Luis Henrique Oliveira, da FIA.

Na ONG Mães do Brasil, que existe há nove anos, já são mais de mil casos. Alguns, com final feliz. Até pouco tempo, a foto de Cristiano Sales Reis, de 12 anos, estava no cartaz das crianças desaparecidas da ONG. Ele apareceu há três meses e a mãe dele, Dona Socorro, voltou a sorrir.

“Foi muito sofrimento, andei muito, mas eu consegui”, comemora ela.

Famílias que passam por uma situação como esta, com crianças desaparecidas, também podem procurar ajuda na Fundação para a Infância e Adolescência. No Rio, o telefone é o 2286-8337.

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