23 agosto 2008

Mães do Brasil iniciam luta contra a prostituição infanto-juvenil em Copacabana


A convite da vereadora Lílian Sá, coordenadora da Comissão de Defesa da Criança e do Adolescente da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, as Mães do Brasil, representadas pela coordenadora do grupo, Elisabete Barros e por Wal Ferrão, presidente da ONG Portal Kids, que realiza o projeto de apoio psicossocial e jurídico a famílias de crianças desaparecidas, participaram de uma mesa redonda para discutir a prostituição infanto-juvenil em Copacabana, realizada pela Igreja Presbiteriana de Copacabana no sábado, dia 23.

Durante duas horas Elisabete e Wal falaram aos participantes que muitas crianças usadas na prostituição infanto-juvenil estão oficialmente consideradas desaparecidas, mas que na verdade foram seqüestradas para esta prática, por uma rede criminosa identificada pelo Portal Kids após seis anos de investigações. Ressaltaram ainda como a idéia difundida de que crianças desaparecidas fogem de casa vítimas de maus tratos gera preconceito na sociedade e dificulta as investigações. Elisabete comoveu a todos ao falar de sua experiência pessoal. A luta que move para reaver a filha Thaís, de nove anos, seqüestrada em 2002, e a frustração pelo fato do suspeito, que foi identificado e detido em fevereiro deste ano, após ter seu nome ligado ao seqüestro de outra menina, Larissa Gonçalves Santos, 11 anos, ocorrido em janeiro, ter sido colocado em liberdade cinco dias depois. Wal citou ainda diversos casos de crianças procuradas através do projeto Mães do Brasil e do esforço para realizar tal trabalho num país que não prioriza políticas de atendimento para o combate ao desaparecimento e seqüestro sem resgate de crianças.

“É mais fácil culpar a mãe, mas a verdade é que nestes nove anos de trabalho nunca cuidei de um caso em que a criança tivesse fugido por maus tratos. Muito pelo contrário: essas meninas são todas oriundas de famílias de baixa renda, mas muito estruturadas emocional e psicologicamente. São meninas criadas dentro da religião, muito protegidas e ingênuas e por isso mesmo, fáceis de serem levadas. Os seqüestradores optam por este perfil de vítima e se aproveitam da falta de políticas de atendimento voltadas para estes casos”, alertou Wal.

Surpresos com os relatos os membros da igreja e representantes da comunidade admitiram que as informações trazidas pela ONG trouxeram um novo entendimento sobre a questão. Convidadas para uma nova reunião onde serão discutidas formas de combater o problema, Wal e Bete voltarão a Igreja Presbiteriana em setembro, junto com outras integrantes do grupo Mães do Brasil e com a vereadora Lílian Sá.

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