26 novembro 2008

O outro lado da busca pelos desaparecidos



No debate público promovido pela vereadora Líliam Sá, presidente Comissão Permanente dos Direitos da Criança e do Adolescente ocorrido no plenário Câmara Municipal do Rio de Janeiro, no último dia 25, Maria de Lurdes, mãe de uma adolescente de 16 anos, localizada pelo Portal Kids em 2006, falou da frustração da aliciadora da filha não ter sido condenada pela Justiça. Marineide, mãe de Thaís Bernardino, desaparecida em 24 de janeiro de 2006, questionou porque até hoje não recebeu resposta da polícia sobre uma denúncia que a filha estaria em Copacabana, zona sul do Rio. Raquel, tia de Larissa Gonçalves, seqüestrada em 30 de janeiro de 2008 reivindicou as instituições de direitos humanos seus direitos que têm sido violados. É o lado obscuro, de sofrimento e muita luta que as mães de crianças desaparecidas do Rio de Janeiro enfrentam. Além da dor da ausência do filho elas têm que conviver com o preconceito e discriminação com que são encaradas, a falta de preparo de alguns técnicos e principalmente, a ausência de uma polícia especializada em investigações de crimes de desaparecimento de crianças. O próprio delegado titular da Delegacia de Proteção a Criança e o Adolescente, Dr. Deoclécio de Assis, que por solicitação do Portal Kids ao secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro Dr. José Mariano Beltrame, assumiu a investigação das 14 meninas seqüestradas que é movida pela ONG desde 2004, admitiu que sem uma maior estrutura a DPCA não conseguirá resolver casos de desaparecimento de crianças. Aliás, o delegado e Wal Ferrão, presidente do Portal Kids, fizeram questão de esclarecer ao público presente ao debate que a DPCA não tem atribuição de investigar desaparecimentos de crianças e jovens, que continua sob a responsabilidade do Setor de Descoberta de Paradeiros das Delegacias de Homicídios do Rio de Janeiro.

“Procurei o Secretário de Segurança pedindo que a DPCA assumisse apenas a investigação do caso das meninas porque é muito específico e a DPCA tem mais estrutura. Nunca foi nossa intenção que a DPCA investigasse o desaparecimento de crianças. Quando procuramos o secretário pedimos inclusive a criação de uma especializada em desaparecimento de pessoas que há anos é o que desejam as Mães do Brasil. Enquanto essa delegacia não é criada a nossa proposta é nos unirmos as Delegacias de Homicídios”, confirmou Wal.

Essa proposta de união da ONG interessou muito ao coordenador da RedeSap da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Benedito dos Santos.

“As instituições que atuam no combate ao desaparecimento de crianças ainda trabalham muito isoladas. Fico estarrecida com os relatos que as mães me trazem de comentários que algumas pessoas fazem de nosso trabalho e que as deixam muito incomodadas porque não falamos mal de ninguém. Comentários de pessoas que não conhecem e nunca participaram de nosso trabalho. É importante ter ética, ter união. Nós das Mães do Brasil adoramos trabalhar em parceria. Um exemplo é o trabalho conjunto que realizamos com a vereadora Líliam Sá. Há nove anos ela apóia nosso trabalho e nós ao dela. Juntas somos fortes”, complementou Wal.

O debate foi gravada pela TV Câmara. A vereadora Líliam Sá vai requisitar que o vídeo seja colocado no YouTube para divulgar tudo o que aconteceu no encontro. Estaremos também divulgando o vídeo no Blog das Mães do Brasil.

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