22 dezembro 2010

Mãe de primeira balada


Maria Clara está com 11 anos. É uma pré-adolescente, meu Deus! Os filhos perdem a infância rapidamente e nós temos que estar preparados para lidar com isso. Ultimamente os convites que recebe para o aniversário das amigas vêm com um bilhetinho anexo informando aos pais que é para eles não irem. As festas são só para os filhos. Nunca concordei com isso. Afinal, como deixar uma menina de 11 anos sozinha em uma festa da qual não conheço os pais das crianças e muitas vezes nem as próprias aniversariantes? Imagina, a gente lê tanta história de estupro de meninas em condomínios, acidentes fatais, que não dá para arriscar.


Pois, contrariando todos os meus dogmas, nesta quarta-feira, 22, Maria Clara foi à sua primeira festa sozinha, sem a companhia da mamãe. Deixá-la ir foi um drama. A festa da amiga aconteceria no salão de festa de um clube, das 19h as 23h! Veja só! Não frequento o clube em questão. Não sei se é um lugar para 'mocinhas de família'. A minha resposta inicial foi não, ela não iria à festa. Mas fui obrigada a mudar de opinião. Ela argumentou que todas as amigas iam e me fez ver que talvez o problema estivesse em meu radicalismo.


O pai argumentou que se a impedíssemos de ir, uma vez que todas as amigas iriam, ela ficaria revoltada e, com isso, aprenderia a mentir para a gente. A dinda Wal me dobrou com o discurso de que era preciso dar um voto de confiança a ela, sempre esclarecendo sobre os 'perigos' que poderia vir a enfrentar na festa.

Me calei, ouvi meu coração lá no fundo e veio a resposta: sim, ela podia ir. Sua felicidade foi geral. Na véspera desfilou com dois looks para a avó e o padrinho escolherem o mais bonito e os arrumou esticadinhos em cima da cama, com direito a bolsa combinando com cada um para decidir no dia qual vestir.


Pela manhã fiz massagem em seu cabelo e à tarde ela pintou a unha. Uma amiga dela foi se arrumar lá em casa para irem juntas ao evento. O pai a levou, conversou com o pai da aniversariante, fazendo mil e uma recomendações. Para Maria Clara, avisou que iria aparecer a qualquer hora de surpresa.


"Que mico! Pede para ele não fazer isso", pediu ela ao telefone para mim.


Lá se foi a filha, em sua primeira festa sem a mãe. O coração está seguro. A fé em Deus é total porque fica aqui a certeza: diálogo e sinceridade com os filhos são fundamentais para termos a confiança que eles esperam da gente.


Por Luciana Tecídio


Luciana é jornalista e já realizou algumas reportagens como voluntária do blog das Mães do Brasil. Se como ela você tem alguma experiência interessante com seu filho que valha a pena ser dividida com outras mamães, escreva para a gente.

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