22 maio 2011

Podemos perder a crença, mas não podemos perder a fé!

Recentemente perdi uma pessoa que eu amava muito em minha vida e senti o que é a dor da perda de perto. É uma sensação sem explicação, um nó que dá em nossa garganta quando pensamos em falar sobre a pessoa que se foi, que se mistura a uma vontade de chorar, de se revoltar, de questionar, de muitas coisas. Mas no meu caso, diferente das Mães do Brasil, eu pude estar ao lado da pessoa que perdi até o fim. Tive a oportunidade de tentar ajudá-la ao longo de sua doença, pude estar ao seu lado nos dias finais, pude por muitas vezes segurar sua mão enquanto dormia e pensar: "Se essa for a sua vontade Senhor, vá em paz", pude ainda enterrá-la, jogar as flores que comprei especialmente para o dia de sua despedida, e o direito de visitar o local onde jaz sua matéria para uma oração, para me sentir mais perto, enfim... Apesar da dor da perda, não tive meu coração dilacerado como covardemente fizeram com as Mães do Brasil, pois eu "pude" o que elas nunca puderam! O fato é que nos dias seguintes cheguei a questionar meu próprio Deus, cheguei a questionar minhas crenças, cheguei a questionar minha fé! Mas os dias foram passando e cada dia que eu dormia e acordava, me sentia um pouco melhor. O que, no caso das Mães, é mais difícil, pois cada dia que passam sem saber a que fim levaram seus filhos, onde estão, se estão bem, se estão comendo, sentindo frio, ou se simplesmente não estão...Diferente de mim, cada dia que se passa sem informação a respeito de seus filhos a dor pode ser ainda maior.



Ontem, entretanto, após dormir questionando a vida, depois de 10 dias da perda, eu sonhei com esse amor que se foi... Sonhei que ela se aproximava de mim, e eu não conseguia me mexer na cama, só conseguia apenas olhar seu rosto e escutar a sua voz. E, para minha surpresa, ela me olhou com uma expressão de quem dizia mais ou menos: "Se você soubesse..." Ela me olhava como quem diz: "Fique calmo, você nem imagina como estou bem..." Se isso realmente foi real, eu não sei, mas parecia que ela dizia: "Me libertei de um sofrimento". Neste sonho, eu perguntava para ela: "Mas por quê?" E ela passou a mão na minha cabeça e disse: "Você pode não acreditar mais em Deus, você pode ter perdido a sua crença, mas não perca nunca a sua fé!" Acordei confuso, feliz, mas confuso e fui procurar a diferença entre crença e fé! Descobri que ter uma crença é acreditar somente em UMA coisa, daquela maneira, daquele jeito, somente com aquela explicação, fechando-se para as demais suposições... E que, diferente da crença, a fé é acreditar que algo existe, mesmo sem saber de que jeito a fé existe, de que jeito ela age, como, quando e porquê ela funciona de uma determinada maneira, me abrindo assim para uma rede de possibilidades.


Gostaria então de passar esta experiência para todas as mães, com a seguinte mensagem que me foi dada por quem eu muito amei: "Você pode não acreditar mais no que acreditou a sua vida inteira, você pode não conseguir mais se apoiar em uma crença, você pode não ter mais esta crença, mas não pode perder nunca a sua fé, porque é ela que te faz acordar, levantar e dar um passo em frente, dia após dia."


É como dizer que: "Você pode não acreditar mais que é dessa maneira, que é deste jeito, mas pode acreditar que é de outra forma que você ainda não descobriu." Tenho certeza que se seus filhos desaparecidos pudessem dizer algo para vocês agora seria isto: "Não percam jamais a Fé! Se realmente perderam as suas crenças, não deixem que também se perca a fé, pois sem ela, a vida não teria o menor sentido..." Agora que cheguei ao fim deste post sinto lá no fundo do meu coração uma voz suave e confortável dizendo pra mim: "Não é preciso estar perto para estar junto, pois o amor de mãe e filho não se separa jamais..."



Por Alessandro Lo-Bianco

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