Uma das Mães do Brasil me presenteou com uma imagem
pequenina de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, me contando ter feito uma promessa. Que
seu eu achasse a filha dela iria comigo ao Santuário da Santa em São Paulo. Eu,
para brincar com ela, e com as demais mães católicas que viviam a me incluir em suas
promessas, sem o meu consentimento, reclamei. Mas passei a orar para a Santa.
Toda vez que cuido de um caso, costumo pegar a imagem e repetir um mantra
ensinado por uma tia que professa a fé na Mãe de Cristo: “Maria, passa na
frente!”
Em minhas
meditações pelas crianças que buscamos, o rosto de Nossa Senhora Aparecida começou
a aparecer em minha memória visual. Sempre que isso acontecia eu costumava
brincar com essa mãe: “Você fica fazendo promessa e em vez da Santa aparecer
para você, fica aparecendo para mim”.
Tempos depois essa mãe virou evangélica. E passou a trazer
óleos para me abençoar, que eu recebia com o mesmo respeito que adotei Nossa
Senhora Aparecida como minha protetora, apesar de atuar na religião kardecista,
que prega a aproximação com Deus através do conhecimento e prática das lições
de Jesus Cristo.
Até hoje tenho a imagem de Nossa Senhora Aparecida e admito,
me tornei simpatizante da Santinha, que também é a protetora dos pescadores.
Por isso mesmo considerei de uma ignorância enorme a atitude de mulheres que se
dizem defensoras do direito de outras mulheres, quebrarem uma imagem da Santa
em meio aos peregrinos da Jornada Mundial da Juventude. Fizeram coisa pior, como todo mundo pode ver nas fotos publicadas na imprensa. Até o movimento em que essas manifestantes se dizem integrantes, soltou uma nota dizendo que tais atos não o representam. Além de terem cometido
crime de ultraje a culto, conforme reza o Art. 208 do Código Penal, com pena de
detenção, de 1
(um) mês a 1 (um) ano, ou multa para quem “escarnecer
de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou
perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato
ou objeto de culto religioso”, as manifestantes não levaram em conta que
destruíam a imagem de uma das representações de Maria, logo a mãe de Cristo,
que adolescente, aceitou engravidar fora do casamento, mesmo correndo o risco de ser
apedrejada, fugiu com o filho que acabou de nascer para evitar que fosse morto,
viu-o morrer assassinado injustamente anos mais tarde, sem nada poder fazer,
tendo se dedicado a divulgar sua palavra
até sua própria morte e que hoje serve de acalanto para milhares de mulheres e
mães. Defender os direitos das mulheres é defender o direito de todas, mesmo
daquelas que não partilham de nossas convicções. Afinal, respeito é bom e todo
mundo gosta.
Nunca se ouviu dizer que Maria
repreendeu Jesus por impedir o apedrejamento de uma adultera ou andar ao lado
de prostitutas e pessoas de má vida. Muito pelo contrário, a mãe de Cristo
aceitou que Maria Madalena o confortasse em sua caminhada para o Calvário.
Tem muita mãe de desaparecido que, totalmente sem
apoio das autoridades e de grande parte da sociedade, em seu “calvário” em
busca dos filhos perdidos, só encontra conforto mesmo em sua fé. Seja em Maria, em Jesus ou em Deus. Quando
eram xingadas nas manifestações que faziam pelos filhos, acusadas de
negligência e incentivadas a procurar um tanque, as mães se fortaleciam no
silêncio de suas preces. Nunca as vi reagirem, discutirem ou ofenderem quem as ofendiam. Elas apenas silenciavam em sua
dignidade.
Fico imaginando o que um homem tão
revolucionário como Jesus diria a essas manifestantes? No mínimo que fossem
conhecer um pouco melhor a história de sua corajosa mãe e não saíssem por aí
desrespeitando quem acredita e se consola no seu exemplo.
Por Wal Ferrão
wal.ferrao@portalkids.org.br
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