23 março 2015

De mãe para mãe




É muito comum a crítica e a cobrança de pensões e de custos financeiros compartilhados entre pais separados, mas pouco se fala sobre o custo emocional de criar sozinha os filhos. O compartilhamento dos custos financeiros é uma conquista enorme, mas é preciso por na mesa, o que significa, física e emocionalmente, lidar sozinha com os desafios do dia a dia.

Hoje vi um debate sobre alienação parental que mostrava pais que argumentavam que existem muitas mães que dificultam a participação e o convívio dos pais com seus filhos. São pais pedindo para ver e pegar filhos no finais de semana. Ah... os finais de semana... A cada quinze dias as mães podem "descansar". Essa ainda é uma briga muito desigual. São as mães que ainda brigam por pensão e ainda precisam lidar com o custo emocional que muitas vezes é compartilhado com outras mulheres: as avós.

A Lei mudou e agora não há desculpa, pais que querem ver e participar da educação dos filhos não podem mais dizer que a "mãe tem a guarda e não me deixa ver". A Lei agora está do lado de quem quer de fato se envolver e fazer bem mais que pagar a pensão e pegar os filhos nos finais de semana. A gente precisa por outros custos na mesa, não só para cobrar dos pais mais do que presenças eventuais,  mas para sermos mais solidárias e ampliar nossa própria rede de apoio.

Existem questões legais e morais no pacote das causas feministas, mas existem também questões mais simples e alcançáveis: julguemos menos umas as outras e tenhamos a coragem de dizer que sozinha não dá, ajudemos umas as outras e expliquemos aos homens, caso eles ainda não tenham entendido, que é preciso bem mais do que dinheiro para criar filhos.

Por Sheila Nogueira
As ilustrações deste post são de obras de Sheila, que é mãe de uma filha adolescente

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