No ano de 2008 uma mulher entrou na sede do Portal Kids em Jacarepaguá, zona oeste do RJ, completamente catatônica. A sobrinha Larissa, de 11 anos, que ela havia criado como filha desde bebê, havia sido sequestrada de dentro de sua casa em São Cristovão, Rio de Janeiro, por um desconhecido que acabou identificado por testemunhas como o suspeito de outros sequestros de meninas. Raquel não conseguia articular palavra. Ganhou abraços e foi imediatamente levada para o atendimento psicológico.
Aos poucos, foi se reestruturando. Não sabia que enfrentaria uma verdadeira via crúcis. Foi acusada, humilhada e desrespeitada por pessoas pagas com seu
imposto para defendê-la. Sofreu muito, mas não se abateu. Com nosso apoio e de
outras mães, além da sobrinha mais velha, do marido e do filho, seguiu em
frente. Tudo indicava que o caso de Larissa seria mais um número, até Raquel
tomar coragem e cruzar pela primeira vez as portas do Ministério Público do RJ
para fazer contato com a promotora que cuidava do processo.
“Na minha
ingenuidade achava que podia ser presa. Que iam achar que eu não tinha cuidado
de minha filha e por isso a tinham levado”, confessou-me quando justificou sua
resistência em procurar o MP.
Com sua dignidade e integridade, Raquel comoveu a
promotora, que acabou indiciando o suspeito. O processo de julgamento foi
tenso, doloroso e difícil. Para surpresa de muitos, Raquel é que consolava a
mim e as Mães do Brasil, garantindo que tudo ficaria bem. Que Deus não iria nos
faltar. Não faltou! A Justiça para Larissa veio, mas Larissa não voltou. Uma
vez ouvi uma frase marcante de Raquel:
“Perdi um filha, mas ganhei a mim
mesma!” Raquel se tornou uma liderança no Portal Kids e ajudou muitos outros
casos até ano passado, quando uma doença a afastou do trabalho no projeto Mães
do Brasil. Apavorada com o diagnóstico que não vinha, mesmo após exaustivos
exames, ela preferiu se recolher. Agora está bem e de volta. Raquel teve sua
Justiça. Continua a ter o apoio e o amor dos filhos e do marido, ganhou duas
lindas netas, que são apaixonadas por ela, tem sua profissão de confeiteira.
Quando recentemente demonstrou desejo de voltar me reuni com ela para perguntar
se gostaria mesmo de continuar nessa dolorosa caminhada. Afinal, continuamos a
tentar descobrir o paradeiro de Larissa por ela. Ao lado de sua grande
amiga/irmã, a coordenadora das Mães do Brasil Elisabete Barros, que ainda
espera por Justiça para sua filha Thais, garantiu:
“Mais do que nunca desejo
continuar. Pelas outras crianças!” Bem vinda de volta, Raquel. Resolvi ilustrar
o lançamento de uma nova campanha que as Mães do Brasil iniciam hoje pelos filhos desapararecidos falando um
pouco da história de Raquel. Uma grande mulher, uma Mãe do Brasil. Participe da campanha colocando uma imagem de um desaparecido como foto de perfil de hoje até 12 de outrubro.
Esse é a
foto de sua Larissa como está hoje, com a tecnologia da progressão de imagem.
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