Dra, Simone Estrellita, foto divulgação Nudem |
Há 22 anos a mulher vítima de violência tem à sua disposição um lugar de apoio e amparo no Rio de Janeiro. Trata-se do Núcleo Especial de Defesa dos Direitos da Mulher e de Vítimas de Violência de Gênero (Nudem) da Defensoria Pública. Ele fica localizado na Rua do Ouvidor, 90/4º andar, Centro do Rio, é coordenado há dois anos pela defensora pública Simone Estrellita. “Trabalhamos para evitar o feminicídio. As mulheres não podem mais morrer por serem mulheres. Há dois anos viemos escutando e conseguimos identificar o medo imediato dessa mulher. A gente procura dizer para ela que ela não está sozinha, que estamos juntos”, explica Dra. Estrelitta.
De acordo com a defensora, o Nudem possui várias portas de
atendimento. Na primeira, o órgão
atende a violência doméstica contra a mulher, dando amparo a vítima no momento de
deflagração da ação civil ou penal. Cabe a ele tomar as medidas cautelares,
amparando-a para interromper esse ciclo de violência cometido contra ela. “Propomos
ações cíveis que irão ampará-la. Entendemos que a violência doméstica é um
processo. Temos uma equipe técnica que faz um atendimento amplo a essa mulher e
uma rede que poderá apoiá-la, como as entidades de defesa da mulher. O nosso
objetivo é dar empoderamento e fortalecimento a essa mulher que está tão
vulnerável”, esclarece Simone Estrellita.
Simone reconhece que muitas instituições falham no dever de protegê-la,
vulnerabilizando-a ainda mais. Com estratégicas específicas, o Nudem tem o
cuidado de reparar essa falha. “Muitas mulheres que sofrem a violência
doméstica não são amparadas por nenhuma instituição. Aqui no Nudem é preciso
ouvir a dor dessa mulher. Explicamos a ela o que acontece nessa seara criminal,
traduzindo um cenário até então desconhecido para ela. Damos toda a orientação
que necessita.”
Violência obstétrica
A violência obstétrica é outra violência muito comum. Hoje,
um número expressivo de mulheres morre por falta de orientação. Segundo dados
da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgados no ano passado, 830 mulheres
morrem por dia vítimas de complicações com a gravidez ou relacionadas ao parto.
“O Nudem tem ferramentas para condenar o estado para que ele tome providências
para evitar que isso volte a ocorrer”, informa a defensora.
Uma das violências mais modernas, a violência virtual,
também é cuidada com atenção pelo Nudem , que ingressa com as ações para
proibir o autor do crime a continuar publicando nas redes sociais. “A violência
virtual é do nosso século. Ela extermina a atuoestima da mulher.”
Simone Estrellita acredita que o empoderamento feminino serviu
como freio para as muitas atitudes e comportamentos violados. “Mas ainda temos
um longo caminho a percorrer. Se uma mulher sofre violência, ela rompe esse
clico, mas tem gente que não consegue colocar esse limite. Seja por dependência
psicológica ou financeira. Conscientizamos essa mulher que ele não tem mais
direito que ela. Todos têm o mesmo direito", finaliza.
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