20 janeiro 2020

Janeiro Branco, mês da saúde mental

Qual é a importância que você dá para a sua saúde mental? Você tem ideia de como é importante estar com seu cérebro equilibrado? Pensando nisso, um grupo de psicólogos brasileiros criou o Janeiro Branco. O mês tem como objetivo conscientizar a importância que precisamos ter com a nossa saúde mental e emocional.
O Janeiro Branco convida a população a enxergar a importância de cuidarmos do nosso psicológico. O bem estar da saúde mental se reflete na qualidade de vida do ser humano, proporcionando mais felicidade.

Para falar um pouco sobre a importância de mantermos a atenção à nossa saúde mental, entrevistamos o psicólogo e diretor técnico da Mães do Brasil, Gilberto Fernandes, responsável em cuidar das mães da nossa ONG e também dos jovens do Gente do Amanhã.

Qual a importância de se tratar a saúde mental como um todo?

Gilberto Fernandes: Somos seres complexos e funcionamos de forma holística, integrada. Se uma parte não vai bem, o funcionamento desse todo será afetado. A saúde mental e emocional é uma parte importatíssima desse  todo. Isso é simples de se constatar, basta olharmos para a quantidade de casos de depressão, ansiedade e suicídios que se têm hoje em dia.

Ainda existe um grande preconceito das pessoas em relação a buscar ajuda psicológica. O que é preciso fazer para acabar com isso?

Gilberto: Realmente existe um grande preconceito em se buscar ajuda profissional para tratar as questões de cunho emocional e psicológico. Creio que uma forte campanha de conscientização da população seria uma ótima ferramenta para  reverter essa realidade.

Como a psicologia contribuiu para ajudar as mães da Mães do Brasil e com os jovens do Gente do Amanhã?

Gilberto: O trabalho com as Mães do Brasil, foi um trabalho intenso e desafiador, porém muito gratificante. Intenso por conta do próprio tema em si, que é o desaparecimento forçado de crianças. Por si só já é uma tema muito mobilizador, tanto para as mães, quanto para quem lida com elas.
Foi desafiador porque, na época - e hoje acho que também não existe -, nenhuma literatura de cunho psicológico sobre o tema. Não existia exatamente nada!  Agora você imagina abordar um tema desses sem nenhum referencial teórico para se basear?
Foi gratificante ver a força daquelas mulheres guerreiras, a capacidade de superação que elas demonstraram ao longo do trabalho. A capacidade de retomar a vida, mesmo tendo um buraco enorme dentro do peito. A capacidade de se voltarem para outras figuras de amor que tinham e têm e se apegarem a elas (filhos, maridos, pais, amigos, etc.).
O Gente do amanhã, no início, também teve esse público como foco. Jovens que tiveram parentes ou amigos próximos desaparecidos de forma não voluntária. Nesse caso foi preciso trabalhar o abandono que eles vivenciaram ao longo dos anos, quando foram esquecidos, deixados de lado, por conta do ente desaparecido. Também foram jovens muito fortes e resilientes, que precisavam apenas de um pouco de atenção e respeito. Dado isso a eles foram capazes de deslancharem em busca da realização de seus sonhos. Também foi uma experiência muito intensa e gratificante.
Em ambos os casos, tanto com as Mães do Brasil, quanto com os jovens, a mola mestre do trabalho foi o respeito a eles, a suas dores, a seus sentimentos, a seus limites. Creio que isso falta nos dias atuais, mais respeito a si próprio, para que se consiga enxergar o outro e, assim, poder respeitá-lo, pelo que ele é e não pelo que eu acho que ele deveria ser.

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