Raquel, Elisabete e Elisângela, Mães do Brasil hoje no Tribunal |
Hoje aconteceu mais uma audiência do longo e doloroso caso
do sequestro de Thaís de Lima Barros. Em 2005 conheci a mãe dela ao realizar
uma campanha para a revista que eu trabalhava. Tantos anos e eu me lembro do
olhar de absoluto desespero de Elisabete de Lima Barros. Olhar
que me impressionou porque dizia: Como isso foi acontecer comigo? Por que estou
metida nisso?
Thaís era uma menina bem cuidada, amada, oriunda de uma
família comum. Não fosse a beleza rara que possuía aos 9 anos, poderia passar
despercebida. Como essa menina protegida como qualquer criança de sua idade foi
levada por um homem que a cercou numa feira livre, a chamou pelo nome e a
convenceu a acompanhá-lo prometendo uma cesta de alimentos que sua família
nunca precisou? O detalhe é que Thaís não morava no local, passava apenas as
festas de Natal do ano de 2002.
Uma mistério que só a própria Thais poderia esclarecer se
tivesse sido encontrada. Um homem foi apontado como suspeito. Por erros na
investigação ele acabou impune e veio a ser novamente investigado e condenado
pelo sequestro de outra menina no ano de 2008, a Larissa Gonçalves. Só ano passado foi indiciado pelo caso de
Thais e levado a julgamento.
Cheguei à identidade desse suspeito por puro acaso. Uma
denúncia de uma das meninas que participaram da campanha em 2005, Michele
Santana de Souza, me levou a apuração do caso na delegacia onde o sequestro
dela foi registrado. Ali fiquei sabendo que havia um suspeito que ligava o caso
de Michele ao de Thais. Era coincidência demais e comecei a realizar uma
investigação jornalística, descobrindo que meninas estavam sendo sequestradas em
série no Rio de Janeiro. Essa
investigação jornalística resultou num dossiê que foi entregue a diversas
autoridades: policiais, delegados, secretários de segurança, promotores,
políticos e até presidentes da república. São 10 anos de apurações jornalísticas
e muitas descobertas. A pior delas é a de que não se pode contar com o amparo
da Justiça Brasileira. Você avança um passo, retrocede 10. Às vezes passa de vítima a acusado. Justiça é
algo que você tem que exigir. Ela não existe para te amparar. Pelo menos a brasileira. Muitas mães não resistiram à pressão. Ficaram
pelo caminho, acumulando doenças e sofrimentos.
Raquel, a mãe de Larissa, assim como Elisabete, a mãe da
Thais, suportaram tudo e coincidência ou não, conseguiram, a duras penas, uma
resposta da Justiça, mesmo que não tenham obtido a que mais desejavam para suas
vidas, saber o que aconteceu com as filhas.
Muitas pessoas hoje questionaram o que aconteceu na
audiência. As mães não puderam acompanhar o interrogatório do suspeito, então não
fazem ideia do que aconteceu. Terão que mais uma vez correr atrás das
informações.
Constato a decepção delas, a de Paulo Pavesi, pai de
Paulinho, o menino vítima dp tráfico de órgãos, caso que também teve a
intervenção do Portal Kids, cujo julgamento foi adiado mais uma vez; e percebo
que, apesar das falhas imensas da Justiça Brasileira, Paulo, o pai de Paulinho;
Elisabete, a mãe de Thais; Raquel, a mãe de Larissa; Elisângela, a mãe de Ingrid; a Diana, a mãe da
Dyanna; se tornaram, ou sempre foram, pessoas muito especiais. Pessoas que
retratam uma Justiça que é mesmo experimentada por poucos, a da dignidade.
Avante Paulo, Elisabete, Raquel, Elisângela, Diana. Hoje retrocedemos novamente 10 passos, mas amanhã é outro dia. E nossa luta recomeça! Modéstia a parte temos a verdadeira Justiça em nós. E isso faz toda a diferença!
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