10 março 2015

Resultado da audiência do Caso Thais de Lima Barros

Raquel, Elisabete e Elisângela, Mães do Brasil hoje no Tribunal 

Hoje aconteceu mais uma audiência do longo e doloroso caso do sequestro de Thaís de Lima Barros. Em 2005 conheci a mãe dela ao realizar uma campanha para a revista que eu trabalhava. Tantos anos e eu me lembro do olhar de absoluto desespero de Elisabete de Lima Barros. Olhar que me impressionou porque dizia: Como isso foi acontecer comigo? Por que estou metida nisso?

Thaís era uma menina bem cuidada, amada, oriunda de uma família comum. Não fosse a beleza rara que possuía aos 9 anos, poderia passar despercebida. Como essa menina protegida como qualquer criança de sua idade foi levada por um homem que a cercou numa feira livre, a chamou pelo nome e a convenceu a acompanhá-lo prometendo uma cesta de alimentos que sua família nunca precisou? O detalhe é que Thaís não morava no local, passava apenas as festas de Natal do ano de 2002.

Uma mistério que só a própria Thais poderia esclarecer se tivesse sido encontrada. Um homem foi apontado como suspeito. Por erros na investigação ele acabou impune e veio a ser novamente investigado e condenado pelo sequestro de outra menina no ano de 2008, a Larissa Gonçalves.  Só ano passado foi indiciado pelo caso de Thais e levado a julgamento.

Cheguei à identidade desse suspeito por puro acaso. Uma denúncia de uma das meninas que participaram da campanha em 2005, Michele Santana de Souza, me levou a apuração do caso na delegacia onde o sequestro dela foi registrado. Ali fiquei sabendo que havia um suspeito que ligava o caso de Michele ao de Thais. Era coincidência demais e comecei a realizar uma investigação jornalística, descobrindo que meninas estavam sendo sequestradas em série no Rio de Janeiro.  Essa investigação jornalística resultou num dossiê que foi entregue a diversas autoridades: policiais, delegados, secretários de segurança, promotores, políticos e até presidentes da república. São 10 anos de apurações jornalísticas e muitas descobertas. A pior delas é a de que não se pode contar com o amparo da Justiça Brasileira. Você avança um passo, retrocede 10. Às  vezes passa de vítima a acusado. Justiça é algo que você tem que exigir. Ela não existe para te amparar.  Pelo menos a brasileira. Muitas mães não resistiram à pressão. Ficaram pelo caminho, acumulando doenças e sofrimentos.

Raquel, a mãe de Larissa, assim como Elisabete, a mãe da Thais, suportaram tudo e coincidência ou não, conseguiram, a duras penas, uma resposta da Justiça, mesmo que não tenham obtido a que mais desejavam para suas vidas, saber o que aconteceu com as filhas.

Muitas pessoas hoje questionaram o que aconteceu na audiência. As mães não puderam acompanhar o interrogatório do suspeito, então não fazem ideia do que aconteceu. Terão que mais uma vez correr atrás das informações.

Constato a decepção delas, a de Paulo Pavesi, pai de Paulinho, o menino vítima dp tráfico de órgãos, caso que também teve a intervenção do Portal Kids, cujo julgamento foi adiado mais uma vez; e percebo que, apesar das falhas imensas da Justiça Brasileira, Paulo, o pai de Paulinho; Elisabete, a mãe de Thais; Raquel, a mãe de Larissa;  Elisângela, a mãe de Ingrid; a Diana, a mãe da Dyanna; se tornaram, ou sempre foram, pessoas muito especiais. Pessoas que retratam uma Justiça que é mesmo experimentada por poucos, a da dignidade.
Avante Paulo, Elisabete, Raquel, Elisângela, Diana. Hoje retrocedemos novamente 10 passos, mas amanhã é outro dia. E nossa luta recomeça! Modéstia a parte temos a verdadeira Justiça em nós. E isso faz toda a diferença!

Por Wal Ferrão
wal.ferrao@portalkids.org.br 

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